Ganhadores do Concurso de Fotografia “Soluções Inovadoras dos Povos Indígenas”
Comunicadores e fotógrafos Indígenas de todo o mundo participaram do concurso “Soluções Inovadoras dos Povos Indígenas” com o objetivo de enaltecer as mensagens e as histórias das suas comunidades.
Cidade do Panamá, Panamá. Depois de uma exitosa convocatória global e do árduo trabalho do júri – integrado por seis fotógrafos Indígenas profissionais provenientes do Brasil, México, Malásia, Bolívia, Gabão e Indonésia, apresentamos as fotografias ganhadoras do concurso.
O concurso de fotografia “Soluções Inovadoras dos Povos Indígenas” convocou pessoas de comunidades Indígenas de todo o mundo, para que enviassem fotografias originais que apresentem a visão, a história e os conhecimentos dos seus povos.
O júri integrado por Sara Aliaga Ticona (Bolivia), Yannis Davy Guibinga (Gabão), Michael Eko (Indonesia), Luvia Lazo (México), Flanegan Bainon (Malasia) y Priscila Tapajowara (Brasil), selecionou três imagens ganhadoras para cada uma das categorias contempladas nos Términos e Condições do Concurso.
A seleção final de fotografias respondeu a uma série de parâmetros técnicos somados aos critérios de criatividade, pertencimento e coerência com a categoria selecionada.
Inovação e Mudança Climática
Ganhadores
Primeiro Lugar
- Título: The Last breath (O último suspiro)
- Autor: Kevin Ochieng Onyango
- País: Quênia
- Povo Indígena: Povo Luo
Segundo Lugar
- Título: Pescador de Kapanawa
- Autor: Patrick Murayari
- País: Peru
- Povo Indígena: Povo Kukama
Terceiro Lugar
- Título: La esperanza de seguir viviendo (A esperança em seguir vivendo)
- Autor: Alcibiades Rodríguez
- País: Panamá
- Povo Indígena: Povo Guna
Florestas e Povos Indígenas
Ganhadores
Primeiro Lugar
- Título: Abuelo (Avô)
- Autor: Venancio Velasco González
- País: México
- Povo Indígena: Povo San Pablo Yaganiza
Segundo Lugar
- Título: Danza del venado (A Dança do veado)
- Autor: Nazario Tiul Choc
- País: Guatemala
- Povo Indígena: Povo Q́eqchi Maya
Terceiro Lugar
- Título: Dayak Kebahan Children (Crianças Dayak Kebahan)
- Autor: Victor Fidelis Sentosa
- País: Indonesia
- Povo Indígena: Povo Dayak Kebahan
Jovens Indígenas
Ganhadores
Primeiro Lugar
- Título: Oloburgandiwar
- Autor: Aylin Alba
- País: Panamá
- Povo Indígena: Povo Guna
Segundo Lugar
- Título: Hijos de la Tierra (Filhos da Terra)
- Autor: Alexander Pérez Ventura
- País: Guatemala
- Povo Indígena: Povo Maya Mam
Terceiro Lugar
- Título: Pusaka
- Autor: Prince Loyd C. Besorio
- País: Filipinas
- Povo Indígena: Povo Obu Manuvu
A continuação detalhamos as fotografias ganhadoras por categoria.
Inovação e Mudança Climática
A fotografia ganhadora do primeiro lugar foi a imagem titulada “The last breath” (O último suspiro) de Kevin Ochieng Onyango do povo Luo do Quênia.
Kevin escreveu: “Esse projeto é simbólico para demonstrar a importância das árvores no nosso ecossistema e o papel que elas desempenham na luta contra a mudança climática. Ao crescer, as árvores ajudam a frear a mudança climática eliminando o dióxido de carbono do ar, armazenando o carbono das árvores e do solo, e liberando oxigênio à atmosfera. Este projeto instiga a mensagem da conservação e fomenta o reflorestamento”.
O povo Luo está localizado em uma zona que abarca o Sudão do Sul, Etiópia, o norte da Uganda, a zona leste do Congo, o oeste do Quênia e o extremo norte da Tanzânia.
Os Luo, assim como outros Povos Indígenas do Quênia enfrentam uma série de problemas derivados da crise climática como as secas e as pragas que colocam em perigo os cultivos e a segurança alimentar das comunidades e do país.
A fotografia intitulada “Pescador Kapanawa” (Pescador Kapanawa) de Patrick Murayari do povo Kukama do Peru foi a ganhadora do segundo lugar.
“Ao anoitecer, equipados com “tarrafas” (redes) ou anzóis, os homens da comunidade nativa de Fátima, pertencentes ao Povo Kapanawa, se dirigem à lagoa situada a cinco minutos da comunidade, com o fim de conseguir algum peixe para o jantar. Eles só pescam para o seu próprio consumo. Desse modo, garantem a sustentabilidade deste recurso”, escreveu Patrick.
O povo Kukama está localizado principalmente no departamento amazônico de Loreto no Peru.
Segundo os dados publicados pela Base de Dados de Povos Indígenas do Peru, desenvolvida pelo Ministério da Cultura, os Kukama possuem uma tradição ancestral de pesca e tem desenvolvido uma série de ferramentas e técnicas específicas derivadas da sua interação com o ecossistema, é por isso que as comunidades Indígenas e não indígenas do setor as denominaram “os grandes pescadores de Loreto”.
A fotografia ganhadora do terceiro lugar foi a imagem intitulada “La esperanza de seguir viviendo” (A esperança em seguir vivendo) de Alcibiades Rodríguez, do povo Guna do Panamá.
Alcibiades descreveu “A esperança de continuar a viver em um território conservado e tradicional, cheio de legacias e lutas, que permanece contra a mudança climática”.
O povo Guna se encontra na Colômbia e no Panamá. Os Guna são habitantes originários da selva continental, mas há mais de 120 anos migraram para a costa – para fugir da malária e da febre amarela- e fundaram a Comarca Guna Yala no Panamá.
A comarca abarca uma estreita faixa continental e um arquipélago de 365 ilhas. Pela sua localização os Guna são considerados o povo mais vulnerável aos impactos da mudança climática e da contaminação marítima.
Segundo dados das Nações Unidas, se considera que os Guna serão o primeiro Povo Indígena deslocado pelo aumento do nível do mar devido ao aquecimento global.
Florestas e Povos Indígenas
A fotografia ganhadora do primeiro lugar foi a imagem intitulada “Abuelo” (Avô) de Venancio Velasco González de San Pablo Yaganiza no México.
A imagem mostra o retrato de um homem no bosque acompanhado do seu cavalo indo plantar uma milpa.
Venancio compartilha a história da fotografia “Quero lhes contar um pouco sobre o meu avô, ele tem 82 anos e dedicou toda a sua vida ao campo. Cada vez que eu lembro dele vem à minha memória uma cena de como ele é. Caminhando pela neblina com o seu cavalo, indo plantar ou colher lenha, dessa vez eu acompanhei ele para plantar “Milpa” e foi inevitável não lembrar de uma parte da minha infância e da primeira vez que eu o acompanhei ao campo com a mesma paisagem.”
San Pablo Yaganiza é um pequeno povoado situado no Estado de Oaxaca. De acordo com os dados do último censo 99, 64% da população é Indígena e 93,31% dos habitantes fala alguma língua Indígena.
A fotografia intitulada “La danza del venado” (A Dança do veado) de Nazario Tiul Choc do povo Maya Qechi da Guatemala foi a ganhadora do segundo lugar.
Nas palavras de Nazario “A dança do veado, um ritual de caça, tem a sua origem no período clássico Maya. É a representação da guerra entre caçadores e animais selvagens disputando a carne de veado como comida. Performatizado anualmente na Cooperativa Unión Maya Itza em que participam crianças e adultos, essa é a parte da celebração do retorno do México para a Guatemala 27 anos atrás, devido aos problemas de conflito armado na Guatemala.”
A fotografia ganhadora do terceiro lugar foi a imagem intitulada “Dayak Kebhan Children” (Crianças Dayak Kebhan) de Victor Fidelis Sentosa da Indonésia.
A fotografia mostra uma criança da tribu Dayak Kebahatn brincando no rio.
A palavra Dayak ou Dyak é um termo utilizado para distinguir mais de 200 grupos Indígenas que habitam principalmente as zonas costeiras da Malásia, Indonésia e Brunéi. Se bem o termo Dayak foi cunhado durante a colonização, os Povos Indígenas o adotaram como parte dos seus processos de resistência e identidade. Apesar de guardarem o mesmo nome, cada comunidade tem o seu próprio idioma, território e cultura. Segundo algumas estimativas, existem aproximadamente 450 grupos etnolinguísticos Dayak que vivem em Borneo.
Atualmente, a maior parte dos Dayaks vivem de forma tradicional em pequenas aldeias costeiras e a pesca é a principal atividade econômica e de subsistência.
Jovens Indígenas
A fotografia ganhadora do primeiro lugar foi a imagem intitulada “Oloburgandiwar” de Aylin Alba do povo Guna do Panamá.
Aylin compartilha a história atrás da fotografia “Os nossos avós contam que quando nós morremos nós vamos embora através do grande rio, é por isso que como Povos Indígenas sabemos a importância da água, da natureza, uma vez que o nosso burba (espírito) se banhará e navegará no rio para se reunir com os nossos ancestrais.”
A fotografia intitulada “Hijos de la tierra” (Filhos da terra) de Alexander Pérez Ventura do povo Maya Mam da Guatemala foi a ganhadora do segundo lugar.
Alexander descreve a sua fotografia: “Ana Francisca Dominguez pertence ao Povo Maya Quiché da Guatemala.Na sua família todos se dedicam à música ancestral. Com propósitos de agradecimento e bênçãos de tudo que a Mãe Terra os oferece. Na cultura maya existem quatro elementos que são essenciais para o o ser humano e que ao mesmo tempo são parte deles. Cada elemento tem um coração; água, ar, sol e terra. Sem esses elementos não somos nada, é por isso que nós nos consideramos filhos da terra.
O Povo Quiché agradece pela água, e frequentemente levam presentes às nascentes dos rios. Esses presentes são principalmente: música, flores e velas. No dia 24 de junho cada Povo abençoa o coração da terra pela água”.
A fotografia ganhadora do terceiro lugar foi a imagem intitulada “Pusaka” de Prince Loyd C. Besorio do povo Obu Manuvu das Filipinas.
Prince escreve “A tribu Obu Manuvu acredita fortemente na cosmologia Pusaka, uma prática tradicional de conservação da biodiversidade onde eles consagram e declaram entidades, vivas e não-vivas como sagradas e invioláveis por causa do seu apego emocional. Nas áreas onde a Águia Filipina e outros animais e árvores Pusaka são encontradas há guardiões específicos que portam cornetas como um meio de se comunicar com outros guardiões da floresta.”